Há quatro anos, dei um passo arriscado na minha vida profissional e pessoal. Mas, não foi tão arriscado e nem ruim, senão eu não o teria
nomeado de Plano F, de Felicidade. Mas, para os todos os espectadores reais e imaginários (sim, minha mente criou diversos impedimentos), eu estava pulando no abismo.
Plano F é todo sonho que a gente mantém guardado no coração. É aquele desejo imensurável de viajar o mundo, conhecer pessoas,
trabalhar como voluntário na África, mudar radicalmente de profissão, ficar solteira para abrir espaço para um relacionamento
mais amoroso, ter filhos, montar uma casa de chás, ser presidente de uma multinacional, morar em uma ecovila, fazer uma expedição
na Antártida, morar no Alaska, ser arquiteto, adotar uma criança, servir no Médicos Sem Fronteiras e por aí vai.
Não é fácil começar, mas também não é impossível. Tenho me perguntado qual foi o motivo que me fez levar tantos anos para agir
(pedir demissão, assumir uma nova profissão, mudar de cidade e iniciar do marco zero) e essa reflexão me fez listar as situações que
fazem os sonhos perderem força. Observe se você identifica-se com algum deles:
Um Plano F recalcado, que foi esquecido ou negligenciado, vai te fazer sentir inveja do seu melhor amigo quando ele, e não você,
conseguiu uma bolsa de estudos para aquela faculdade, naquele exato país que você sempre desejou, mas desistiu no meio do
caminho. Quando isso acontece, falta autoconfiança e só é possível recuperar com auto conhecimento.
Um Plano F desanimado, que já começa colocando empecilhos para que você nem ouse dar o primeiro passo, tem uma dose de
autocrítica em excesso na fórmula, um julgador disfarçado de conselheiro dizendo que você poderá perder absolutamente tudo,
inclusive seu orgulho, seu brio e seu valioso nome.
Um Plano F desorientado, que investe em várias frentes ao mesmo tempo, muda de ideia frequentemente e facilmente se ouvir os
planos e sonhos dos outros. É como uma criança que deseja ir para a escola mas não cumpre a rotina de vestir-se, fazer a tarefa,
arrumar a mochila e chegar até a sala de aula. Neste caso, a paciência deve ser o maior aliado na tarefa de explorar o território
dos sonhos, valores, forças, fraquezas e o plano de rota.
Um Plano F turvo tem ideia do que quer fazer e para onde ir, mas a imagem mental do destino final não tem muita definição. Sabe-se
que o caminho aponta para lá e segue sem saber o que poderá desenvolver a partir desse ponto. Neste caso, o medo é maior que o
desejo do êxito. Dar um passo adiante te fará ser visto dentro do seu círculo social e isso representa sucesso ou derrota, julgamento ou
admiração. Por vezes, não visualizar o que desejo – o tal ‘deixe pra depois’ -, pode trazer uma leve e confortável ‘cegueira’.
Um Plano F emperrado é o que já recebeu muitas tentativas e todas não deram certo a ponto de exaustão, de frustração e de
oclusão. O jogo de tentativa e erro é importante para traçar novas estratégias e encontrar soluções. As pessoas que desistiram do seus
sonhos porque insistiram tanto que cansaram, estão deixando de olhar para a situação para trazer novas respostas. Com paciência,
um novo olhar pode ser colocado aqui para reacender a espontaneidade.
Um Plano F ‘copia e cola’ é o que não tem coração. Não achei um nome mais adequado para dizer que é o sonho do outro, é o ‘cola
em mim que dá certo’, é estimulado pelo sucesso e motivação de outra pessoa e copiado ipsis litteris, sem adicionar nenhum
elemento pessoal nesse plano. Esse caminho pode até dar certo por um tempo, mas logo será preciso fazer ajustes e trazer à tona seu
verdadeiro rumo.
É claro que não existe fórmula certa para isso tudo mas, partindo da minha auto observação, arrisco dizer que pessoas que têm sucesso
na vida não são as sortudas, nem as que nasceram em berço de ouro. As pessoas que realizam seus sonhos têm uma base sólida de
autoconfiança, auto estima, conhecem a si mesmas (suas habilidades, forças e pontos a melhorar), não estão a mercê do
julgamento dos outros e seguem uma orientação interior – que chamo de voz do coração – inabalável.
Viktor Frankl, pai da Logoterapia, falava sobre a importância de termos um motivo para viver, para enfrentarmos os desafios da vida.
Mas, a contribuição maior que ele deixou (no meu ponto de vista) foi dizer que devemos perguntar ‘O que a vida quer de mim?’, ao invés
de ‘O que quero da vida?’. Trata-se de um ato de humildade, aceitação e de colocar-se à serviço de algo maior.
É preciso ter coragem? É sim. Mas todos nós já somos verdadeiramente corajosos quando estamos conectados com o coração. Basta assumir nosso papel, seja lá qual for e como for, e ir adiante. Como em um grande quebra-cabeças, com peças de todos os tamanhos e recortes, há sempre os encaixes. Se você buscar arredondar demais suas arestas não terá aderência em nada – seja sua perfeita imperfeição e siga!
Espero que você tenha gostado e que algo novo esteja palpitando no seu coração neste momento. Fique à vontade para mandar uma
mensagem pra mim e para compartilhar este material (cite a fonte,tá?)
Com carinho,
Gabriela.
“Não tenha pressa, mas não demore!”
Artigo de Gabriela Fontes, 24/05/2021.
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