Recentemente, tivemos a triste notícia, a de que o Brasil piorou duas posições no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), saindo da 94ª para a 96ª colocação no ranking. Essa foi a pior nota na série histórica do levantamento que mede a Transparência Internacional entre 180 países.
Neste cenário brasileiro cada vez mais caótico, que deve piorar nos próximos meses por se tratar de um ano eleitoral, é mais do que urgente que as nossas empresas adotem a Governança Corporativa. Independente do que vier acontecer, o Brasil precisa mostrar ao mundo que tem capacidade de receber novos investimentos e de crescer.
Afinal, o que é a Governança Corporativa e por que é tão importante em tempos de crise? Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a “governança corporativa é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo as práticas e os relacionamentos entre proprietários, conselho de administração, diretoria e órgãos de controle”.
A partir dela são implantadas as boas práticas, que se “convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso ao capital e contribuindo para a sua longevidade”. Isso gera alguns benefícios, como aumento da eficiência, controle financeiro e contábil, inclusão e transparência.
Há mais de 20 anos trabalhando na área empresarial, acompanho a evolução das nossas empresas que estão se reorganizando a partir desse novo modelo. Mesmo diante de todas as adversidades, já encontramos ambientes mais saudáveis e seguros para a realização de negócios no país. O que nos tranquiliza em relação ao novo relatório do IPC e à possível retração de investimentos.
Além disso, as empresas têm agregado profissionais mais capacitados e hábeis para enfrentar os desafios do cotidiano empresarial em um ambiente globalmente integrado e digital. São pessoas preparadas para calibrar a visão do negócio para não buscar o “lucro de qualquer maneira”, mas, sim, o lucro também por intermédio do desenvolvimento sustentável e objetivo social.
O IBGC é muito enfático ao dizer que, quando comparadas, aquelas empresas que possuem a Governança Corporativa são mais sólidas e sustentáveis e mais facilmente agem de um modo prático e eficaz para enfrentar momentos difíceis frente ao mercado. Já as empresas que não adotaram, ficam mais vulneráveis aos impactos de uma instabilidade no mercado ou crise no seu setor.
Esse modelo de governança não é exclusivo para as grandes empresas ou organizações, podendo ser adotado por empresas de pequeno e médio porte, permitindo que se tenha sustentabilidade desde cedo em sua vida como pessoa jurídica. Aliás, quantos CNPJs teriam sobrevivido à pandemia da Covid-19 se estivessem seguindo essa cartilha de boas práticas? (Muitos!)
Para iniciar a mudança, a empresa precisa inicialmente criar um comitê responsável pelas atividades que serão executadas durante a implantação e o aperfeiçoamento do sistema internamente. Esse comitê organizará os três pilares que atuarão de forma articulada, transformando-se em importantes ferramentas: o conselho fiscal, a auditoria independente e o conselho de administração.
“Na crise, empresas que saem melhor são as que sedimentaram governança”, diz Mônica Cordeiro, já Sandra Guerra (ambas do IBGC) afirma: “menos foco no operacional e mais olhos para o futuro”.
Ainda não sabemos o que nos aguarda neste ano de 2022 ou como as eleições impactarão os nossos próximos anos. Mas uma coisa é certa, podemos vencer em todos cenários se conseguirmos pautar o nosso crescimento e sucesso pela Governança Corporativa.
Cristhiane Brandão – Conselheira de Administração em Formação, Consultora em Governança & Especialista em Empresas Familiares. Sócia fundadora da Brandão Governança, Conexão e Pessoas