Seja uma empresa que apoia a maternidade

Seja uma empresa que apoia a maternidade

Estamos na semana do Dia das Mães, mas, longe de ser uma data meramente comemorativa, precisamos refletir sobre o papel da mulher e da maternidade no cenário atual do mercado de trabalho. Apesar de todos os avanços tecnológicos e científicos, continuamos distantes de viver na prática a equidade de gêneros.

Para a maioria de nós, a primeira palavra que vem em mente quando falamos da nossa mãe é “guerreira”. Porém, precisamos retirar urgentemente esse peso “heroico” do colo das mulheres por meio de políticas públicas e práticas empresariais que garantam uma rede de proteção adequada ao exercício pleno e saudável da maternidade. Afinal, o lugar das mães é onde elas quiserem!

Há exemplos de países, como Islândia, Estônia, Alemanha, Canadá e Nova Zelândia, onde a criação dos filhos se tornou uma “configuração familiar”, ou seja, não é mais um papel restrito à mulher. Entre as políticas de apoio à família estão licença parental para casais de até um ano, incluindo homoafetivos e outras configurações, benefícios na saúde, na educação, e alguns países já implementaram a jornada de trabalho de 4 dias.

No Brasil, Boticário, Natura e Nestlé estão entre as empresas que estão na vanguarda de ações como essa, que colocaram em prática licença-maternidade de até 6 meses e licença parental de 40 a 120 dias, auxílio-creche ou babá, além de horários flexíveis e intervalos para a amamentação. A Lei 14.457/2022 visa ampliar essas mesmas regras – e outros benefícios – para todas as empresas ao instituir o Programa Emprega + Mulheres.

Valorizar as mães significa oferecer perspectivas de carreira dentro da empresa após o retorno da licença-maternidade. Gigantes como a Magalu estão com consultoria para auxiliar a implantar uma agenda voltada à “maternidade”, pois entenderam que, com o nascimento dos filhos, as mulheres expandem seu potencial criativo e produtivo e é um grande desperdício que 48% delas interrompa sua carreira (FGV, 2016).

Aliás, não faz muito sentido que, mesmo representando 52,1% da população, o que equivale a quase 5 milhões a mais que os homens (IBGE, 2021), as mulheres continuem enfrentando disparidade nos salários dos homens. Um estudo feito no ano passado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) revelou que, mesmo com nível de escolaridade mais avançado, elas ganham em média 37% menos. Outra realidade que precisa mudar.

Sou mulher, mãe de dois filhos, casada, empresária e enfrentei na própria pele as adversidades referentes a esse tema que me sensibiliza, porque, de fato, a maternidade não deveria ser um “atrapalhador” para os nossos planos e projetos. Uma mulher não se torna menos por ser mãe, aliás, ela melhora muito todos os seus atributos naturais que envolvem negociação, escuta, habilidade de gestão de pessoas, criatividade e execução de tarefas. Eu me tornei muito melhor com a maternidade.

No entanto, em um cenário de injustiças, incertezas, medos e não-valorização do potencial das mulheres, aliado a outros problemas estruturais das empresas que ainda não estão preparadas para entender e valorizar o universo feminino, acabamos que elas costumam ser demitidas ou pedir demissão após a licença-maternidade. Na grande maioria das vezes, elas não contam com uma rede de apoio para se manterem firmes no seu propósito de serem mães e serem profissionais dedicadas.

Então, quando vejo dados sobre o aumento substancial de mulheres como donas do próprio negócio – “Número de empreendedoras no Brasil cresce e chega a 10,3 milhões” (Sebrae, 2023) – sinto um aperto no coração. Não é que não esteja vendo o lado positivo da notícia, mas por fazer a leitura que está por trás dos dados: a exclusão do mercado tem “empurrado” as mães para o empreendedorismo.

Nós sabemos que as mudanças culturais são sempre desafiadoras e demoradas, mas, observamos que só há um jeito de fazer acontecer, que é colocando em prática, ou seja, contratando mulheres justamente porque elas engravidam e com isso desmistificando a maternidade. Ao contrário de ser um fator limitador, ser mãe é um combustível na vida das mães, desde que elas tenham o apoio necessário, claro.

Falar em agenda positiva, em desenvolvimento econômico e sustentável, passa necessariamente pela equidade de gênero. Quero convidá-lo a refletir sobre a valorização da parentalidade nos espaços corporativos. Como você tem trabalhado isso na prática da sua empresa ou corporação? Quais ações de valorização de mulheres e mães você pode fazer agora?

 

Cristhiane Brandão, Conselheira de Administração, Consultora em Governança para Empresas Familiares e Coordenadora do Capítulo Brasília/Centro Oeste do IBGC.

 

 

Minha experiência no Web Summit Rio

Hoje faz uma semana que estive no maior evento de tecnologia e inovação do mundo, o Web Summit edição RJ.

Surreal… eu e mais de 21.000 participantes incluindo investidores experientes, formuladores de políticas estaduais, líderes sociais, influenciadores, fundadores e CEOs de empresas de tecnologia de rápido crescimento e startups emergentes – com uma pergunta “simples”: para onde ir?

Uma Co construção que o evento propunha de fazer junto de todos os envolvidos…

E chegando lá, bem na entrada do RioCentro, já tinha um quadro nos perguntando “O que você espera do futuro?”… eu não tinha ideia do que iria encontrar… vou te contar…

O evento começou no dia 01/05, feriado nacional e no Rio de Janeiro. E nossa pergunta é: “isso vai prestar?!”. O público foi, acreditou… na proposta do evento.

Eu estava junto de 5 amigas conselheiras buscando essa conexão com a inovação e a tecnologia, inclusive elas me impulsionaram a ir (obrigada!!!). O evento é muito democrático, e todos podem participar… não somente o pessoal do TI!!!

Também me surpreendi muito com a presença feminina, segundo a organização do evento 37% dos palestrantes e 40% do público participante. Mulheres palestrando, participando, mentorando, empreendendo, sororizando, investindo, apoiando… Confesso que isso me deixou mais à vontade e menos ansiosa! Aliás eu estava com um grupo de mulheres chamado Women in Tech, e o BB fez um espaço muito especial para receber as mulheres. Me apropriei tanto desse lugar, que já chamava de meu!!! Foi o ponto de encontro todos os dias praticamente.

O evento contava com cerca de 400 ações entre palestras, mesas redondas, talks, fora o que acontecia nos stands e nas famosas reuniões depois do evento!

Só posso contar do que pude assistir, experimentar e sentir… no futuro que espero tem…

…Respeito a história, com a tecnologia unida a ancestralidade, fala da nossa representante dos povos indígenas Txai Suruí, que contou que seu pai fez uma parceria com a Google há 12 anos atrás, para que fossem lembrados e preservados…

…Respeito as gerações, estamos no mesmo tempo, querendo as mesmas coisas, precisamos combinar, conversar, fazer acordos, incluir, tolerar… adorei a masterclass

…Boa parte do que se faz nos negócios são transações… e a IA (inteligência artificial) pode ajudar todas as transações… abrace bons criadores e discuta regulação…

…”Temos que humanizar a tecnologia” disse Daniel Knopfholz, Chief Technology Officer do Grupo Boticário, e é o lema que tem levado a companhia a mudar a mentalidade acerca de inovação e investir mais em soluções com base tecnológica nos últimos anos.

…Propósito… muito e além do negócio, se estendendo a comunidades, batalhando por causas, unindo diferenças, e devolvendo o que se recebe… isso vira generosidade… e aqui adorei conhecer facetas de Ayo Tometi (a co-fundadora do Black Lives Matter); Conrado KondZilla (Cineasta e Fundador Canal KondZilla); Bianca Andrade (Influenciador e YouTuber); Sarah Al-Hussaini (Co-fundador e COOFinal) e Bruno Gagliasso (ator, empresário e embaixador de sustentabilidade).

… o que faz grandes fundadores? Inclusive de startups? Conexões e agregar valor para as pessoas…

… e sobre centralidade do cliente gostei muito de ouvir o Milton Maluhy Filho, CEOItaú Unibanco, que contou como a IA está ajudando o banco “feito para você” a ser “feito com você”. O cliente muda a expectativa todos os dias… o jeito de ser… e a IA pode antecipar as principais tendências e ações. Ele me flechou quando disse que “a transformação é indelegável”, começa no Conselho, CEO e vai descendo…

…e sobre experiência do cliente, embarquei nas propostas de alguns stands: quase pousei um avião no Embraer X; me vi na África trabalhando numa estação de energia solar numa simulação num stand sobre o futuro das profissões; e fui ao coquetel da Sororitê onde pude me conectar com mulheres investidoras e mulheres que estão empreendendo, e cada história me iluminou e deu esperança sobre o futuro!

…e é claro no meu futuro tem muitas oportunidades em outros lugares… visitei os stands de São Paulo, Hong Kong, Finlândia, Áustria, Suécia e Ucrânia. Especialmente na Ucrânia conversei com uma jovem empreendedora de uma startup, e após ela me apresentar o negócio, olhei em seus olhos e perguntei… e como vai você? Sua empresa, diante da guerra? E ela falou…

…conversei com muitas startups e fiquei impressionada… vem muita solução na área de saúde, na área de educação, na área de recrutamento e seleção…

O desconforto inicial do primeiro dia havia sumido por completo, estava entregue ao evento, as conversas, aos contatos e aos momentos inusitados…

E refletindo cá com os meus botões o que veio foi justamente como eu lido com a inovação… resisto, reclamo, aceito, mergulho, já me adapto… e percebo oportunidades…

Oportunidades como a Ambev (que lançou vários produtos no período do evento) e já tem cerca de 20% da receita anual oriunda de produtos e serviços novos lançados em até dois anos.

Confesso que ainda não consegui responder à pergunta “para onde ir” … Já consigo dizer como ir: com propósito, com afeto, com diversão, com conhecimento, com IA, com muitas mulheres (homens também claro!).

Cristhiane BrandãoConselheira de Administração, Consultora em Governança para Empresas Familiares e Coordenadora do Capítulo Brasília/Centro Oeste do IBGC.